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quinta-feira, 12 de junho de 2014

10 objectos essenciais para emergências ao ar livre

“Não saia de casa sem ele”. Mas de que lhe serve um cartão de crédito de plástico caso se encontra a 10 quilómetros da estrada alcatroada mais próxima? De que é que precisa realmente quando se encontra longe da civilização?

Os entusiastas já veteranos dos passeios ao ar livre sabem quais são os itens mais importantes para se levar – mesmo para pequenos passeios ou caminhadas fora do acampamento de base. Estes “10 Objectos Essenciais” são bens que não podem ser improvisados a partir dos materiais que pode encontrar na floresta. Não possuir estes parcos objectos, mesmo que apenas a alguns quilómetros de distância de um acampamento base ou de uma cabana, pode ser sinónimo de desastre.

A lista dos 10 objectos essenciais varia um pouco dependendo das fontes a que recorrermos. Os Escuteiros têm a sua própria lista, o Sierra Club outra e os Montanheiros na sua bíblia do ar livre, Montanhismo: A Liberdade das Colinas, delinearam ainda outra variação. Mas todas essas listas incluem basicamente os mesmos objectos.

A lista que se segue não foi gravada a ferro – cada prontista deve personalizar o seu próprio kit de modo a carregar o menor número possível de bens. Note-se que os primeiros três objectos servem para nos orientarmos, os segundos três para nos protegermos e os últimos quatro são para emergências.

1. O MAPA da área onde iremos passear, andar de canoa ou acampar deve ser suficientemente detalhado ao ponto de conseguirmos encontrar artigos de fabrico humano tais como carris, estradas sem manutenção, postes de electricidade, etc., bem como características naturais tais como rios, riachos, colinas e outros marcos de terreno que nos possam guiar. [Em Portugal aconselhamos a utilização dos mapas do Instituto Geográfico do Exército, pois possuem uma maior atenção ao pormenor quando comparados com os mapas comerciais que podemos encontrar em qualquer livraria ou bomba de gasolina. Os mapas do Google são também uma boa opção caso disponha de uma impressora em casa, isto se houver electricidade.]

2. Um mapa sem uma BÚSSOLA é praticamente inútil a não ser que possua um sexto sentido de orientação. Pessoalmente prefiro as bússolas de fluido das marcas “Silva” ou “Suunto”. Têm arestas rectas que provam ser extremamente úteis na planificação dos percursos. As bússolas com lente, de estilo militar tendem, a ser mais volumosas e não têm uma base, o que torna a interpretação de um mapa tendo por base a bússola numa tarefa quase impossível. Estando na posse de um mapa e de uma bússola deve “orientar” o mapa alinhando o Norte magnético da bússola com a seta do Norte magnético que se encontra impressa no mapa. Uma vez feito isto, deve conseguir identificar as características do terreno e delinear o seu percurso.

3. Certifique-se de que a LANTERNA que levar não possui um interruptor que se ligue ou desligue facilmente. Pode descobrir que esta esteve acidentalmente acesa o dia todo e quando precisar realmente dela as pilhas já estarão gastas. Caso tenha uma lanterna com esta característica insira as pilhas só quando precisar dela. Mesmo que tenha a lanterna mais moderna, à prova de água e coberta com alumínio, traga à mesma uma lâmpada sobresselente e pilhas alcalinas, não vá o Diabo tecê-las. Uma mini-lanterna assentará muito bem como o objecto mais pequeno do kit de itens essenciais mas não servirá para andar toda a noite. As lanternas de cabeça são extremamente úteis para a exploração de cavernas e para quando temos as mãos ocupadas. 

4. Uma vez numa viagem até ao topo de um pico com 3.353km de altura esqueci-me dos ÓCULOS DE SOL e quase que fiquei cego graças à neve. Quando me cansei de olhar por entre os dedos acabei por cortar duas ranhuras num pedaço de cartão e fiz uns óculos de sol à esquimó. Hoje em dia já existem óculos de sol capazes de filtrar 99% da luz ultravioleta. As lentes de policarbonato com desenhos “à mosca” são uma mais-valia na protecção contra o vento e a luz lateral. Para condições de neve recomendam-se óculos glaciares. Normalmente têm lentes polarizadas e protecções de couro para bloquear a luz lateral. Quando comprar os seus óculos compre também uns fios para suspender os óculos. São baratos e evitarão que estrague ou perca um par de óculos caros. Para uma maior protecção solar adicione também ao seu kit um protector solar. 

5. COMIDA e ÁGUA EXTRA. Esta categoria confunde-me sempre um pouco. Quererá dizer que devo ter duas garrafas de água cheias e duas tabletes energéticas? A quantidade de água que levar deve corresponder à distância da viagem, à temperatura ambiente e ao esforço físico que irá despender. A água deve ser utilizada quando precisarmos e não deve ser racionada (ou seja, alguns goles agora e depois mais nada durante outra hora). O seu corpo precisa de água, e precisa dela de imediato e não daqui a três horas! Umas tabletes para purificação de água podem ajudá-lo a beber água de outras fontes. Quando à comida, alguns passeantes atiram umas latas de sardinhas e de atum para a mochila sabendo perfeitamente que jamais as comeriam salvo numa situação de emergência. Deve consumir comida adequada às caminhadas (frutos secos, fruta desidratada e cereais muesli) em intervalos regulares para reabastecer o seu corpo com energia. A carne pilada é um dos alimentos com uma maior concentração energética que conseguirá levar consigo.  

6. Novamente, a ROUPA EXTRA que trouxer deve ter por base a altura do ano e as condições do tempo. Uma caminhada à brisa do Verão não requererá mais que um impermeável para se proteger da chuva e um corta-vento leve, de nylon, caso sinta frio. Uma caminhada de um dia na neve complica mais as coisas. Um casaco ou uma camisola a mais podem servir, mas estará em condições extremas numa montanha, um saco térmico, uma almofada de isolação e um saco-de-cama de Inverno bem podem ser as únicas coisas capazes de o salvar caso o tempo piore. Em condições normais deve pelo menos incluir um cobertor térmico no seu kit. Este, juntamente com um impermeável, pode ser utilizado para improvisar um abrigo. Amarre o cobertor térmico ao impermeável, ate as mangas do impermeável às árvores de modo a erguer uma barreira protectora e faça uma fogueira mantendo-se entre os dois. O cobertor térmico irá reflectir o calor da fogueira nas suas costas. 

7. FÓSFOROS caros À PROVA DE ÁGUA sempre me pareceram um exagero. Fósforos de madeira capazes de ser acesos em qualquer superfície são muito mais baratos e podem ser guardados num invólucro à prova de água, como por exemplo as caixas de plástico dos filmes de fotografia. Caso sejam demasiado grandes apare-lhes a ponta de madeira. Um objecto mais conveniente para fazer fogo é algo que pode encontrar em qualquer loja de conveniência ou tabacaria. Isqueiros descartáveis de plástico funcionam bem e alguns deles permitem regular a chama, caso precise de uma espécie de “maçarico”. Outras fontes de ignição como barras de magnésio ou sílex, guardadas em porta-chaves, são boas alternativas caso perca os fósforos ou o isqueiro.  

8. ACENDALHAS. Nesta categoria pode incluir uma vela de parafina normal (guardada dentro de um saco de plástico de modo a não derreter na sua mochila), acendalhas comerciais, Sterno ou, as minhas favoritas, tabletes de Hexamine, disponíveis em qualquer loja de sobras da Marinha ou do Exército [dos EUA]. As tabletes Hexamine, ao contrário das Barras de Trioxane, não evaporam quando rasgamos a embalagem e cada embalagem de cartão traz seis tabletes. As acendalhas são para utilizar só quando as condições tornam difícil acender uma fogueira. A preparação é essencial para fazer fogo. Precisará de uma mecha com muitos gravetos ou com bocados de madeira cortados finamente com a sua faca para fazer com que os ramos maiores peguem lume. A maior parte das pessoas tenta começar as suas fogueiras com as quantidades erradas de mecha e de gravetos e ficam frustradas quando não conseguem fazer com que um ramo de vários centímetros de espessura pegue lume. 

9. UM CANIVETE será o objecto mais importante de todos os 10. Entre outras coisas servirá como ferramenta de primeiros socorros, para preparar a comida e para fazer a fogueira. Enquanto tiver à sua disposição um canivete conseguirá fazer uma fogueira. Ao bater o aço em qualquer rocha com as características do sílex conseguirá fazer faíscas capazes de acender uma mecha bem preparada com os materiais que recolheu e preparou utilizando o canivete. Canivetes mais elaborados incluem uma verdadeira arca de tesouro com outras ferramentas extremamente úteis: serras, pinças, tesouras, chaves de fendas, furadores, palitos, abre-latas, etc. Um bom canivete do Exército Suíço trará ao de cima o MacGyver que há em todos nós. Não se esqueça deste objecto. 

10. UM ESTOJO DE PRIMEIROS SOCORROS na realidade não é bem um objecto, é antes uma colecção de objectos que deve conter no mínimo pensos rápidos, aspirina [ou paracetamol caso seja alérgico a aspirina ou padeça com úlceras] e tintura de iodo, sendo um pouco mais elaborado poderá conter um estojo para suturas, sacos de gelo químico e medicamentos que lhe tenham sido receitados. Este artigo é o que exige uma maior personalização. Guardo os meus objectos de primeiros socorros num saco de plástico transparente com fecho hermético de modo a poder ver tudo o que lá está dentro e a protegê-lo do mau tempo. Juntamente com um sortido de pensos rápidos, gaze e ligaduras estéreis incluo o seguinte: repelente de insectos, protector solar, bálsamo para os lábios com Factor 21, pomada com antibiótico, uma garrafa pequena de anti-séptico anti-microbial, aspirina, comprimidos para a diarreia, um descongestionante, comprimidos para o enjoo e um anti-histamínico. Outros artigos que podem ser úteis são: uma agulha para tirar lascas/falhas, remédio para as bolhas, uma ligadura elástica, um alicate de pontas, lâminas que não sejam duplas e um creme para as picadas de insectos. 

O 11º item da lista de 10 objectos essenciais que a maior parte das pessoas levam é papel higiénico. Outros artigos “essenciais” que costumo levar incluem: um espelho para sinalização do tipo dos da Força Aérea, 15 metros de cordame de pára-quedas, um mini-alicate Leatherman multi-funções [em Portugal as lojas Decathlon vendem três versões deste popular alicate americano na sua secção de caça embora este não surja no seu motor de busca] e fita adesiva fluorescente para sinalizar o trilho. Talvez queira acrescentar um foguete sinalizador de bolso ou um sinalizador de fumo. 

O kit com estes 10 objectos pode ser guardado de várias maneiras. A mais conveniente é uma mochila pequena de caminhada. Uma mochila de caminhada terá lugar para uma garrafa de água, para roupa e para comida extra para a maior parte das viagens de um dia. Obtenha uma de nylon de Cordura com alças almofadadas.

Para viagens maiores em bicicleta de montanha muitos ciclistas preferem utilizar bolsas ou carteiras de cintura para guardar os seus materiais de emergência e ainda um ou dois alforges. Uma bolsa de cintura é mais prática de se envergar e providencia um centro de gravidade mais baixo. A água vai normalmente presa ao quadro da bicicleta, por isso as bolsas podem ser mais pequenas e mais leves.

A coisa mais crucial que tem que levar em todas as suas deslocações ao ar livre não cabe num kit de sobrevivência. Dá pelo nome de senso comum e é uma comodidade tanto na cidade como ao ar livre. Se lhe parecer que vai chover – não vá. Se lhe parecer demasiado alto – fique para trás. Se estiver a escurecer – regresse à base. Ao evitar problemas e perigos desnecessários poupará o seu desgaste pessoal e provavelmente regressará a casa inteiro. Contudo, caso surja algum imprevisto pelo menos sabe que poderá contar com 10 objectos importantes que se encontram na sua mochila.

Scott Stoddard
American Survival Guide, Janeiro de 1992.

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