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sexta-feira, 8 de maio de 2020

Mercado na quarentena: sobrevivencialistas contam qual a melhor lista de compras


Há um mês, grande parte da população mundial entrou em quarentena por conta do covid-19, infecção causada pelo novo coronavírus. No susto, os supermercados ficaram cheios de pessoas fazendo compras enormes para estocar a maior quantidade de comida possível.

Porém, além da necessidade, comida também se tornou um espécie de terapia durante o isolamento social. E com tanta gente compartilhando suas receitas e pratos feitos durante a quarentena, surgiram os fiscais de suprimentos. Aquele cara chato que responde o seu stories ou foto de comida no feed dando pitaco na quantidade de comida feita, nos ingredientes escolhidos e tudo mais. Você já passou por isso? Mas, mais do que o fiscal de suprimento, quem sabe como racionar e como estocar comida são os 'sobrevivencialistas'. 

O sobrevivencialismo é um movimento em que grupos ou famílias se preparam para estados de emergências, sejam eles por cataclismas climáticos, guerras ou pandemias. Por isso, os adeptos deste estilo de vida são as pessoas ideais para dizer o que é uma compra de supermercado ideal para a quarentena. 

Por exemplo, o criador de conteúdo Julio Lobo, do canal 'Sobrevivencialismo', tem em sua casa um estoque de comida para pelo menos seis meses. Ele cresceu no mato e passa seus ensinamentos de como sobreviver na selva no YouTube há 10 anos. “Moro em uma casa feita para ser protegida e em uma cidade pequena. Não senti muito o impacto do isolamento porque eu já tomo vários cuidados, como o de manter um estoque de comida muito antes disso.”

Antes de criar uma despensa de emergência de dar inveja em muito fiscal de suprimentos, Lobo diz que precisamos levar em consideração três fatos: 

Saiba o que você consome em variedade e quantidade

“Não adianta você comprar um monte de pêssego em calda se você não gosta e nem come pêssego em calda”, aconselha Julio Lobo. Assim, opte apenas pelos alimentos que já fazem parte do seu cardápio, mas aumente um pouco a quantidade do que vai levar para casa. “Com a lista em mãos, a pessoa em vez de fazer uma compra para uma semana, duas semanas, aumenta a quantidade para três meses”, fala. Faça de acordo com sua condição financeira. “O importante é sempre comprar um pouco a mais para ter uma reserva.” Mas tenha a parcimônia de levar o que sabe que vai consumir. “Para evitar aquele efeito [egoísmo] em que uma pessoa fica cheia de comida em casa, enquanto outra não tem o que comprar.”

Compre produtos bases por conta das possibilidades

Por exemplo, em vez de comprar biscoito, leve farinha, óleo, ovo, leite e outros ingredientes que você pode usar para fazer doce. “Além disso, esses itens costumam ser também a base de outros alimentos que você pode fazer em vez de comprar pronto.” Este ato ajuda a diversificar o cardápio, o que é importante para a moral e o psicológico das pessoas. “Alguém que come todos os dias a mesma coisa acaba enlouquecendo.” Por isso, aproveite o tempo - que agora você tem de sobra e que é o ingrediente mais precioso da sua lista - para fazer comidas diferentes com o que já tem em casa. 

Crie uma concepção de racionamento

Se você não está vivendo em tempos normais, é preciso se adaptar. “Não se pode manter o estilo de vida normal em períodos anormais. Se você está comprando comida para um momento de racionamento e de crise, pense em como não desperdiçar”, diz Julio Lobo. É importante, ainda, diminuir as porções. “Não coma 200 gramas de algo sendo que sabemos que 100 gramas é o suficiente”, afirma o sobrevivencialista. “E aposte em misturas, para estender mais a validade das coisas.”

Enquanto Julio Lobo tem um método mais imediatista, Marcio Batata, do canal no YouTube 'Guia do Sobrevivente', pensa a longo prazo. Ele virou sobrevivencialista após quebrar durante a crise de 2008.

“Um dia eu era empresário, no outro estava desempregado, morando em uma casa semi-construída e racionando comida. Foi quando decidi que nunca mais passaria por isso e comecei a me preparar para que nada faltasse caso eu ficasse um ou dois meses sem salário”, conta.

Cerca de 10 anos depois, a casa de Marcio e de sua família produz por volta de 1 tonelada de alimentos por ano. “Tenho árvores frutíferas no quintal, um tanque de peixes, galinhas e estoque de comida”, fala. Essa preparação veio a calhar no último mês, uma vez que ele é cozinheiro de eventos e todos os trabalhos foram cancelados por conta da quarentena. 

Por isso, ele diz que o mais importante é ter em sua casa uma fonte de legumes e verduras, além de ovos. Mas sabemos que isso não é exatamente fácil para quem mora em grandes centros urbanos. “Uma hortinha de temperos em casa, dentro de uma garrafa PET, já ajuda a melhorar a sua alimentação em momentos de restrição.”

Fora os itens frescos, Marcio afirma que é preciso voltar ao passado. “Faça as compras como a sua avó fazia, levando como base uma cesta básica. Ali tem tudo o que uma família precisa para se alimentar durante um mês.”

Tendo tudo isso em mente, vamos fazer uma lista? Com a ajuda de Lobo e com comentários de Batata, compilamos o que tem na despensa de um sobrevivencialista: 

Arroz tipo 1 (3kg) - “É o que tem o maior prazo de validade. Muito melhor do que o parbolizado ou o arroz integral”, diz Batata. 

Feijão (2,5kg)

Farinha (3kg)

Fubá 

Farofa de mandioca - “É  algo pronto que vale a pena, já que é um bom complemento para um prato.”

Água (3L)- “É para fazer uma reserva. Como os serviços básicos, como o fornecimento de água, não vão ser cortados, priorize a água da torneira.” 

Óleo (1L)

Sal 

Vinagre de maçã (1L) - “É um ingrediente muito versátil. Te permite fazer conserva, purificar água, além de desinfetar as frutas e legumes.”

Grãos em geral - “Grão de bico, soja, lentilhas, milho. Para alguns é prato principal, mas é uma variedade muito boa e também é nutritivo.”

Carne (3KG). “Pouca carne para gastar menos combustível para cozinhá-la”

Hambúrgueres, salsicha, linguiças, carne moída, carnes secas e defumadas - “São pequenos e de fácil armazenamento. Também são mais baratos. Se atenha aos 100g por dia. Não é época de fazer churrasco.”

Temperos desidratados em geral - “Melhor ter alho desidratado em casa do que fresco porque tem uma validade maior. Uma mudança de tempero muda completamente o prato, o que melhora o psicológico.”

Peixes e legumes enlatados - “De preferência os no vapor, não em água e sal, porque são mais saudáveis.”

Molho de tomate pelado - “É a versão mais saudável do molho de tomate pronto para caso você não tenha acesso a tomates frescos.”

Macarrão - “Para quem não tem uma fonte de ovos. Apesar de ser um item composto, ele vira ingredientes em alguns pratos.” 

Queijo ralado - “Pode ser o queijo parmesão em pedaços, que é mais fácil de armazenar e conservar.”

Açúcar 

Leite longa vida

Conservas em vidro como picles e azeitonas

Castanhas e frutas desidratadas ou barras de cereais - “São fáceis de armazenar e garantem um lanche ou café da manhã.”

Sabão em barra

Detergente

Água sanitária sem cheiro - “É o maior recurso de sobrevivência. Mata todo tipo de vírus e bactérias além de purificar a água.”

Álcool em gel

Itens de higiene pessoal (sim, papel higiênico entra nessa lista)

Natália Eiras
Yahoo Vida, 23 de Abril de 2020

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